2009-08-26

ROTEIRO: POEMA ILUDIDOS, ALIENADOS!

 

“Iludidos... !!! Alienados...!!!

Achamos que o mundo abre todas as portas ...”

Imagem de uma pessoa dentro de um ambiente abrindo uma porta. A porta é destacada com uma cor que remete a uma passagem do interior para o exterior da tomada, um portal, que vai servir de elemento figurativo em outras diversas tomadas; sugerindo elementos e emoldurando cenas que questinam a atual conjuntura social de nossas cidades.

 “Podemos tudo, tê-lo subjugado aos nossos pés ...

As pessoas andam ...

Correm ...

Para todos os lugares ...”

Após a passagem pela porta a cena se encontra na rua, na calçada. Pessoas andando para todos os lados, sem direção nem sentido, pedestres que andam diariamente em nossas cidades, desprendidos do espaço e das pessoas. Esta cena acontece em qualquer lugar e a qualquer hora do dia, num transitar incessante do trabalho, da produtividade, do dinheiro, da velocidade de nossos dias.

 ... em nossas máquinas de velocidade ...”

Cenas do transitar dos carros, o caos do excesso de veículos, de poluição sonora, da emissão de fumaça. Do veloz submetido ao excesso que as ruas não comportam mais. Do paradoxo das cenas de velocidade e da estaticidade dos congestionamentos.

 “Voamos ...

Mais alto do que podemos ...

... voamos bem alto ... em nossos pássaros prateados ...

... vencendo a gravidade ...”

Imagem de avião passando acima dos edifícios com uma pessoa observando extasiada sua presença ... as pessoas param para observar seus feitos ... mas são incapazes de observar as coisas simples da vida ... ou mesmo os problemas de nossa sociedade tidos para muitos como banais, insignificantes, mas infelizmente recorrentes em nossas cidades.

 “E mesmo assim ...

Somos incapazes de olhar para os lados ...

De ver a gravidade de nossos dias ...

Incapazes de sentir ...

De se comover ...”

Pessoa caminhando com pressa, incapaz de observar a pobreza de nossos semelhantes, tida como preocupada demais com seus problemas individuais que não pode prestar atenção para a miséria tão próxima, ao seu lado, camuflado ao olhar das pessoas que transitam cegas pela cidade.

Surge novamente a figura da porta, sugerindo um enquadramento da cena que o transeunte não consegue enxergar, sendo um recurso de imagem para evidenciar o questionamento. 

 “Incapazes de ouvir ...

... os pássaros de carne e pluma ...

... de matéria ... pássaros reais ...”

A cena se passa num parque qualquer da cidade, num espaço aberto, arborizado, mas que o homem não consegue perceber a cena do pássaro cantando por estar com ainda com pressa ou pelo barulho da rua adjacente. Passando despercebida a sonoridade diante do caos ruidoso, trilha sonora para o homem que transita pela cidade. 

 “Virtuais ...

Isolados ...

Somos incapazes de nos comunicar ...”

Questiona a falta de significado dos fatos reais e a importância das imagens virtuais, passadas pela internet ou por meios televisivos. São imagens prontas, recebidas em espaços fechados, sem interação com o meio urbano; alienados da realidade de nossas cidades, representamos, conversamos, divulgamos e nos comunicamos através de signos prontos, da comunicação em massa.

As cenas se passam em ambientes fechados, reclusos nas casas de nossas cidades.

Surge novamente a imagem da porta, fechada, como o pensamento antenado na ultra informação. Alienadas de uma realidade próxima de sua porta afora, a pessoa externa que irá se desvendar no desfecho da história encostada na parede, desprovida de um lugar de abrigo, moradoras da cidade.

“... de pensar ...

... a cidade ...”

Crítica às pessoas que conformam o espaço da cidade. Arquitetos, engenheiros, artistas plásticos, políticos... Todos temos o compromisso de pensar a cidade com o compromisso de justiça e igualdade.

 “A cidade se tornou  um vazio ...

... um vazio existencial ...

Sem pedestres ...

Sem carros ...

Sem som ...

Sem imagens ...”

A cidade numa tomada de esvaziamento, sem pessoas, sem carros, sem sons, sem imagens significativas. A imagem mostra a depreciação do espaço, principalmente nos seus centros, pela falta de uso e com o fechamento periódico típico de atividades financeiras e comerciais.

 “Vazia ... Morta ...”

A imagem se torna escura, remetendo ao vazio, ao luto, à morte das cidades.

 “Mas me disseram que existem pessoas ...

Na penumbra ...

No submundo ...

Há pessoas ????”

Do questionamento a imagem torna a aparecer, primeiramente a porta com cor, como pulsação, como elemento visual que amarra o desfecho de toda a história.

 “A cidade esconde ...

Mas também revela ...”

Do questionamento aparece a imagem como um todo. Um velho e uma criança, na rua, no relento, parados ao lado da porta. Que enquadrou, sugeriu o questionamento e aparece de maneira evidente e clara, fechada para um velho e uma criança. Símbolos de um passado e de um  futuro que estamos por construir.

OBSERVAÇÃO:

As imagens a princípio serão filmadas em preto e branco - como documentário de cenas de nosso cotidiano - sendo a cor aplicada como dispositivo de nuança da imagem para sugerir intenções ou evidenciar questionamentos.

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